1. Ele teria de se rebaixar à
nossa realidade, às nossas leis da física, às nossas limitações. É como se
eu tivesse que me contentar em ficar dentro de uma caixa limitando minhas
liberdades: sem me mover e com restrições para mexer os membros. Eu, que posso ir
e vir, subir e descer, esticar-me e encolher-me, falar, ouvir, sentir, cheirar
e ver, mas escolho permanecer dentro desta caixa com todas estas limitações por
alguns dias. Jesus Cristo escolheu isto porque foi a única forma de vir a nós
sem nos destruir, já que não nos é possível contemplar a face de Deus em Sua
glória sem morrermos. Por quê? Ainda não compreendo bem, mas dizem que é
semelhante a olhar para o sol. Nossa natureza não nos permite olhar diretamente
para o sol porque seu brilho é tão intenso que nos cegaria. Assim também, nossa
natureza não suportaria ver a Deus face a face com toda a sua glória e
esplendor. Por isso, se Deus quisesse vir a nós, face a face, para ensinar as
coisas do alto, para falar daquilo que não conhecemos, para nos ajudar e nos
amar, a única forma seria tornando-se um de nós, com todas as nossas
limitações.
2. Ele seria rejeitado,
sofreria muito e morreria nas mãos dos poderosos. O príncipe deste mundo é
o demônio. Ele trabalha bastante por aqui e age em nós. Enche-nos de soberba e
inveja. É difícil admitir que alguém seja melhor que nós. Por isso Jesus foi
rejeitado, odiado, maltratado e morto: por inveja. O demônio e o mundo sentem
inveja de Deus. Por isso, o Senhor sabia que, necessariamente, vir ao mundo
implicaria em sofrer muito. O mundo não aceita a misericórdia e a bondade divinas.
Deus sabia disso e escolheu pagar este alto preço! Encarnar-se seria escolher o
sofrimento e a humilhação, a morte na cruz. Ele escolheu entregar-se nas mãos
dos homens, nas mãos do próprio demônio. Permitiu que ele fosse até as últimas
consequências para, aí também nos ensinar. A paixão e morte de Cristo encerra
todo o seu ensinamento porque nos mostra que o maligno não tem poder fora deste
mundo se formos tementes a Deus. Para os que aceitam a salvação, o poder do
inimigo se encerra neste mundo porque Cristo ressuscitou e nos mostrou que o
poder de Deus é maior e eterno.
Deus quis estar
conosco, ensinar-nos as coisas que só Ele conhecia: “Ninguém conhece quem é o
Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o
quiser revelar” (Lc 10, 22). Ele queria nos ajudar, nos ensinar a viver
neste mundo, ou seja, nos salvar. Para isto, ele teria que pagar um preço:
submeter-se ao mundo; rebaixar-se às nossas condições e entregar-se nas mãos
dos homens. Ele quis materializar-se em Jesus Cristo e permanecer conosco
materialmente, na Eucaristia para ser o nosso alimento, a nossa força nesta
caminhada. Escolheu pagar este alto preço, o preço da nossa redenção. Por isso,
“quem crer e for batizado, será salvo” (Mc 16, 16).
Deus aceitou submeter-se,
aceitou e escolheu pagar o preço. Você escolhe se vai reconhecer e adorar este Deus
de amor ou fazer pouco caso dos seus preciosos ensinamentos e de Seu
preciosíssimo Sangue derramado na cruz. É como um pai que paga uma excelente escola
para seu filho. Ele trabalha, sofre e se esforça para poder dar isto ao seu
filho. É um valor alto que exige muito sacrifício, mas o filho não tem muita
consciência deste valor e não entende o tamanho do sacrifício do pai. O aluno
não tem nenhuma dívida com a escola porque seu pai já pagou por ela. O professor
estará ali para ensinar, mas vai depender do filho aproveitar esta boa escola
ou não. O filho tem duas opções: reconhecer o esforço do pai e se dedicar aos
estudos, aproveitando a oportunidade que seu pai está oferecendo ou fazer pouco
caso sem se esforçar e desprezando este presente que recebeu gratuitamente. A salvação
é um presente de Deus para todos nós e seu alto preço já foi pago na cruz. Vamos
aceitar ou recusar este presente?
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