As
esposas cristãs prometem obedecer aos seus maridos, e, no casamento cristão,
diz-se que o homem deve ser o “cabeça”. Duas
questões emergem daí: 1) Por que a necessidade de um cabeça – por que não a
igualdade? 2) Por que essa função familiar deve ser realizada pelo homem?
1) A
necessidade de haver um cabeça é derivada de que o casamento é permanente. É claro
que, desde que o marido e a esposa estejam de acordo, não há necessidade de um
cabeça; e podemos esperar que esse seja o estado normal das coisas no casamento
cristão. Mas o que fazer quando há um desacordo real? É claro que se deve
conversar sobre o assunto; mas estou pressupondo que eles já tenham feito isso
e mesmo assim não tenham chegado a um acordo. O que fazer nesse caso? Eles não
têm como decidir por voto majoritário. Certamente, apenas uma ou outra destas
duas coisas pode acontecer: ou eles têm de se separar e cada um segue seu
próprio caminho, ou algum dos dois terá voto de minerva (ou seja, um deles dará
o voto que decidirá a situação). Se o casamento é permanente, uma ou outra
parte deve, em última instância, ter o poder de decidir a política da família,
pois não é possível ter uma associação permanente sem uma constituição.
2) Se
há necessidade de um cabeça, por que seria o homem? Bem, para começo de
conversa, será que há um desejo sério de que seja a mulher? Como eu disse, não
sou casado, mas até onde posso ver, nem mesmo a mulher que deseja ser o cabeça
da sua própria casa normalmente admira que isso aconteça na casa do vizinho. É mais
provável que ela dia: “Pobre sr. Fulano! Não entendo como ele pode deixar
aquela mulher horrorosa mandar nele daquele jeito”. Também não acho que ela
ficaria muito lisonjeada quando alguém mencionasse o seu próprio papel de “comando”.
Deve haver algo pouco natural nas mulheres comandando os seus maridos, pois
elas próprias se envergonham disso e desprezam os maridos “frouxos”. Mas há
outra razão; e aqui vou falar com toda a franqueza a partir da minha condição
de solteiro, pois essa razão pode ser mais clara a partir de fora do que de
dentro. As relações da família para com o mundo externo – o que pode ser
chamado de política externa – devem depender, em última instância, do homem,
porque ele dever ser, e normalmente é, muito mais justo com as pessoas de fora.
Uma mulher luta, em primeira instância, pelos seus próprios filhos e pelo
marido contra o resto do mundo. É natural que para ela, e até certo ponto tem
razão, suas reivindicações se sobreponham a todas as demais demandas, uma vez
que ela é a cuidadora de seus próprios interesses. O papel do marido é cuidar
para que essa preferência natural dela não consiga prevalecer. Ele tem a última
palavra para proteger as outras pessoas do patriotismo familiar intenso de sua
esposa.
Texto extraído do livro:
LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. 1º edição.
Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017
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