Na
parábola do filho pródigo, o pai aceita a decisão do filho e entrega-lhe a
herança aceitando, com isto, toda a humilhação e sofrimento que virão.
Certamente este pai foi visto como um fracassado, incapaz de cuidar e educar o
próprio filho. Foi visto como um coitado enquanto seu filho gastava todo o
dinheiro do pai com prostitutas. Ele sofreu por ver o filho se perder na vida e
por escolher viver longe de sua família, sofreu também por saber que seu filho
sofria quando o dinheiro acabou e ele desejou até mesmo comer a lavagem dos
porcos. Sofreu muito, mas, ainda assim, decidiu amar e perdoar porque, apesar
de tudo, ele ainda era o seu filho. Ele não alimentou contra o filho
sentimentos de ódio e vingança, mas esperou a volta do filho e preparou-se para
o reencontro. Decidiu mais uma vez amar, perdoar e acolher o filho ao retornar
para a casa e sabia que mais uma vez seria incompreendido e humilhado por esta
escolha. Todos iriam falar que ele era um frouxo e um tolo ao receber o filho
de volta. Até mesmo o filho mais velho lhe jogou na cara estas verdades cruéis
e, mais uma vez, o pai escolhe o amor. Não briga com o filho mais velho diante
do insulto, mas o acolhe e o exalta por sua fidelidade: “Tudo o que é meu, é
seu!”. E, por fim, ao acolher o filho mais novo e dar-lhe uma grande festa, escolhe,
mais uma vez, acreditar e dar uma nova chance, apesar da possibilidade de se
decepcionar e sofrer novamente com este filho que acabara de regressar.
Escolher
amar implica, muitas vezes, aceitar a humilhação e o sofrimento, mas não
implica escolher o sofrimento. Podemos escolher nos afastar de muitas pessoas
que não nos fazem bem, nos prejudicam ou nos levam para caminhos tortos. Se
você contrata um pedreiro para a sua obra e ele não trabalha conforme o
esperado, faltando no dia combinado, atrasando a obra ou fazendo um serviço
ruim, você tem a opção de não contratá-lo novamente em uma obra futura. Se o
seu namorado não demonstra consideração por você e não te trata bem, você pode terminar
o relacionamento. Se seu amigo não tem te trazido coisas boas mas, ao
contrário, tem trazido problemas para a sua vida, você pode decidir por se
afastar desta amizade. Mas não deve ser assim com a nossa família. Não dá para
tentar esquecer um irmão ou matar o próprio pai em seu coração. Não dá para
levar o casamento adiante somente enquanto durar a alegria. Com a nossa família
é preciso ser paciente com as traições, perdoar e recomeçar sempre, sem medo de
se decepcionar e ter que perdoar mais uma vez. O Senhor nos convida a não
desistir e ir até o fim, apesar das diferenças e das decepções.
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