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ABRAÇANDO A CRUZ




Diante de tantas graças recebidas, tantos milagres e toda a doutrina que recebemos ficamos maravilhados com a paz que se pode sentir ainda neste mundo. Aquela paz em que nada pode nos irritar e tudo podemos suportar. A paz que enche nosso coração de amor e nasce em nós o desejo sincero de amar e fazer o bem a cada irmão.
Porém, enquanto estivermos neste mundo, não poderemos desfrutar desta paz todo o tempo. Experimentaremos também a ira, a irritação, a inveja e toda espécie de maldade em nossa própria carne. Aí nos perguntamos: “Cadê aquela paz que eu sentia? O que tenho feito de errado? Será que devo rezar mais?” E passamos a buscar incessantemente aquela paz, nos esforçando em nossas orações, jejuns, novenas e devoções. E nos inquietamos por não sentir aquilo que outrora experimentamos. Nessas horas devemos lembrar que toda graça vem gratuitamente de Deus e não das nossas orações ou devoções, mas somente da bondade de Deus, que nos dá quando quer, independente do nosso esforço. Corremos o risco de, sem querer, passar a exigir que Deus nos dê algo, mas Ele nos pede que O amemos gratuitamente, que desejemos servi-Lo sem nada receber, nem mesmo a paz.
Se nossos corações repousassem na paz Celeste permanentemente não teríamos batalhas a travar conosco mesmos ou, em outras palavras, não teríamos cruz. Mas o convite de Cristo é de carregarmos as nossas cruzes de cada dia por amor a Deus. Ele não nos promete um mundo justo e tranquilo, mas, ao contrário, nos pede que sejamos fortes e corajosos para aguentar os golpes desta vida, as importunações e os contratempos. E quem poderia nos causar mais importunações e contratempos do que nossos amados filhos? Nossos tão sonhados filhos vieram para incomodar e tornar nossas vidas mais difíceis! Desde que chegaram, tornaram nossas “voltinhas” mais complicadas, nossas casas menos silenciosas, nossas conversas mais atribuladas, nossas noites mais “agitadas”, nossas idas ao mercado mais desafiadoras! Eles estão o tempo todo nos atrapalhando, obstruindo nossa passagem, chamando “mamãe” a cada minuto, fazendo sujeira e muita bagunça. Tudo isso é a mais pura verdade, mas nem por isso devemos transmitir a eles o sentimento de que são um peso para nós. Se por um lado eles tornam nossas vidas mais difíceis, eles também são a alegria da nossa casa e não sabemos mais viver sem eles. E é justamente isso que devemos transmitir a eles! Devemos fazê-los saber que são muito amados por nós, que são especiais em nossas vidas!
Portanto devemos servir a Deus gratuitamente abraçando nossa cruz de cada dia ao invés de pedir que O Senhor nos alivie a cruz. Não espere que seus filhos sejam bonzinhos com você: não chorem, não respondam mal, sejam naturalmente dispostos a obedecer! Não espere que eles prefiram maçã à chocolate ou implorem para você fazer salada de alface para o almoço. Não se faça de vítima dizendo: “eu ofereci, mas ele não quis!” ou “eu pedi, mas ele não fez!” Ele sempre vai preferir o caminho mais fácil, assim como eu e você. Porém os adultos (ou a maioria deles) são obrigados pela vida a fazer o que não gostam, enquanto os filhos precisam de pais que os obriguem a fazer aquilo que não é tão prazeroso ou refrear seus instintos, o que não é tarefa fácil. Precisamos de muita disposição e coragem para lidar com eles todos os dias sem desanimá-los. O trabalho é duro mesmo, por isso, arregace as mangas e se prepare para encarar o choro e as birras do seu filho. E não desista de persistir em discipliná-lo. Nós precisamos ser duros conosco mesmos para não nos entregarmos à preguiça e aos vícios! Também precisamos ser duros com nossos filhos para que eles cresçam saudáveis de corpo e espírito, cresçam nas virtudes e não se entreguem às condutas más. Mas sejamos rigorosos e severos com um sorriso no rosto, muita disposição e nada de reclamações! Mostremos a eles que todo este esforço vale a pena porque eles valem a pena, porque são a alegria das nossas vidas e porque através deles conhecemos o amor verdadeiro que se fortalece na cruz de cada dia.

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