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A PRINCESA E O SAPO






               Nesta clássica história infantil, o sapo faz um acordo com a princesa: se compromete a juntar a bola no lago se ela prometer dar-lhe um beijo. Mas ao receber a bola, a princesa foge sem dar o beijo, quebrando sua promessa. Porém, o sapo a importuna até conseguir o beijo e, imediatamente, vira príncipe! Os dois se casam e vivem felizes para sempre.
               Além da bonita lição de moral sobre cumprir uma promessa, há algo ainda mais cristão quando a princesa, enfim, encara a difícil tarefa de beijar o sapo. Podemos comparar o beijo no sapo com o convite que Nosso Senhor nos faz: carregar a cruz! Beijar o sapo é fazer aquilo que não queremos, mas consideramos o certo a se fazer. É dar a esmola, visitar o doente, os idosos e os presos, viver a castidade, pedir desculpas e perdoar, levantar cedo e ir trabalhar quando você tem vontade de ficar dormindo, fechar a boca quando desejamos comer e comer mesmo que não esteja bem do nosso agrado, é dar uma palmada no seu filho com dor no coração e segurar a mão quando temos vontade de dar uma palmada, é ficar quieto e “engolir o sapo” e  falar a verdade quando preferimos ficar quietos; é aguentar firme no casamento mesmo que o cônjuge tenha virado um sapo, mesmo que seus filhos estejam dando trabalho, mesmo que tudo esteja muito difícil e as coisas não estejam do jeito que você sonhou. É ir à missa todos os domingos mesmo que esteja com preguiça, procurar o padre para se confessar mesmo que tenha vergonha dos seus pecados, encarar o jejum ou a penitência quando a santa Igreja pede. Beijar o sapo é encarar a realidade e assumir as consequências, mesmo quando nos parece o caminho mais difícil e doloroso; é pedir a Nossa Senhora que nos permita o sofrimento se esta for a vontade de Deus para o nosso bem e a nossa conversão. Carregar a cruz é refrear nossos instintos, controlar nossos desejos, medir as consequências, examinar a consciência e nunca deixar de fazer o que deve ser feito.
               Um detalhe importante deve ser observado nesta história: a princesa não sabe que o sapo vai virar príncipe. Ela decide beijar o sapo simplesmente por ser a coisa certa a se fazer e sem esperar nada em troca. A única coisa que sabe é que terá que beijar um sapo gelado e nojento. Quando aceitamos carregar a cruz, nada podemos esperar em troca. Nosso “sim” a Deus deve ser despretensioso: obedecer a Lei de Deus num ato de fé, confiando que é o melhor, mesmo quando tudo que vemos é um sapo gelado e nojento, mesmo sem nenhuma promessa de haver um príncipe. Pense agora nas escolhas que você já fez na sua vida. Quais os frutos você colheu quando desobedeceu a Lei de Deus? E quantas maravilhas o Senhor fez na sua vida quando você confiou e fez o que devia ser feito, mesmo sem entender o que estava acontecendo?
               Quando deixamos o medo de lado e encaramos este convite de Cristo, a mágica acontece: o sapo vira príncipe! Quando fazemos o que deve ser feito, o Senhor não nos deixa sem recompensa, por menor que seja nossa boa ação. Ele enche nosso coração de paz e alegria. O medo desaparece e nasce a felicidade. Todos nós queremos ser felizes, mas a felicidade não pode ser buscada como um fim, porque isto nos leva à uma busca incessante por prazeres mundanos e a nossa vida vira uma confusão. Enquanto estivermos fugindo da cruz, estaremos nos afastando da felicidade. Somente quando pararmos de fugir do sapo e, cheios de coragem, decidirmos dar o beijo, conheceremos o príncipe! Somente quando aceitamos o convite de carregar a nossa cruz conhecemos a verdadeira felicidade, que é fruto da paz e da alegria que vem do Céu.

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