Muitas
são as situações em que o pecado entra na nossa família através dos nossos
filhos, principalmente na fase da juventude. Nestas horas nos sentimos
perdidos, sem saber como agir e orientar. O que fazer?
1. Orientar
“Um homem
tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da
herança que me toca.” (Lc 15, 11s)
Você consegue
imaginar o que se passava na cabeça deste filho? Enquanto estava sob os
cuidados do pai, tinha que cumprir suas ordens, então pensou: “eu quero ser
livre! Quero fazer tudo que tenho vontade! Quero aproveitar a vida!”. É a velha
promessa do Inimigo: a felicidade sem limites! Este filho via este caminho como
algo bom, algo melhor do que permanecer na casa do pai. Ele imaginava muita
alegria e diversão com os amigos. Seu pai, mais experiente, sabia o que viria
e, provavelmente alertou seu filho, dizendo-lhe o que esta escolha significava
e as suas consequências. Mas, apesar do aviso, o filho achava que seria melhor
assim e insistiu na escolha.
A fase da
juventude é cheia de descobertas, insegurança e confusão. Por mais que seu
filho pareça durão e não queira ouvir você, dizendo que sabe o que está
fazendo, você já foi jovem um dia e sabe que ele precisa de orientação.
Portanto, você precisa dizer o que pensa ao seu filho. Não pode deixá-lo no
erro e fingir que concorda ou que não sabe o que está acontecendo. Mesmo que
ele não entenda ou não concorde é importante que você fale. Se não tiver
coragem de falar pessoalmente, mande uma mensagem, carta ou e-mail. Certamente
ele está fazendo esta escolha por ignorar suas consequências, mas você sabe,
pela sua experiência de vida, que este caminho vai levá-lo a uma vida instável
e bagunçada, de muitos tropeços e tristeza. Muitas são as vozes a convidar o
seu filho para o pecado com a promessa da felicidade, mas será que ele já ouviu
o convite à santidade, à uma vida reta e de paz? Talvez ele não aceite o seu
convite, mas certamente, aquilo vai ficar no seu coração.
2. Aceitar
“O pai
então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que
lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá
dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente.” (Lc 15, 12s)
Após
ser orientado, o filho permaneceu firme em sua decisão e já não havia mais o
que ser feito. O pai não queria que fosse assim, mas respeitou a liberdade e a
dignidade do seu filho e repartiu a herança. Entendeu que ele já não era uma
criança e tinha que começar a caminhar com suas próprias pernas, fazendo suas
escolhas e assumindo as consequências.
Você
também não queria que fosse assim e lutou para que não acontecesse, mas
aconteceu. É preciso aceitar e isso não significa concordar com o seu filho,
mas acolhê-lo apesar do pecado. Significa aceitar que as nossas famílias não são
perfeitas e as coisas nem sempre são do jeito que sonhamos; aceitar a
fragilidade humana e pedir socorro à força divina, que tudo pode.
Aceitar
significa reconhecer que não somos capazes de mudar o outro. Se você já
expressou sua opinião ao seu filho, não adianta ficar insistindo, cutucando,
cobrando e insinuando na tentativa de mudá-lo. Entregue esta situação à Deus.
Já que não
podemos mudar nosso filho ou fazer suas escolhas, lembremos que também somos
pecadores e não somos melhores que ele. Aceite seu sofrimento em reparação dos
seus pecados e dos pecados do seu filho. Pergunte a Deus o que Ele quer de você
nesta hora, o que Ele deseja que você faça pelo seu filho, como você pode
ajudá-lo, no que você tem errado com ele e com a sua família? Entregue suas
angústias e suas tristezas a Deus, desabafe com o Senhor, rogue pela conversão
do seu filho, mas lembre-se que a única pessoa que você pode mudar é você
mesmo.
3. Esperar
“Depois de
ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a
passar penúria. Foi pôr-se a serviço de um dos habitantes daquela região, que o
mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens
que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há
na casa de meu pai que tem pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de
fome! Vou me levantar e irei ao meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o
céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um
dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi ter com o seu pai. Estava ainda
longe quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o
abraçou e o beijou. O filho disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra
ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou aos servos:
Trazei depressa a melhor veste e vesti-lha e, ponde-lhe um anel no dedo e
calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos
uma festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido e foi
achado. E começaram a festa.” (Lc 15,14-24)
É
difícil esperar e assistir a derrota do nosso filho sem poder fazer nada. Mas é
preciso que venham os tempos difíceis para que seu filho caia em si e reflita.
É preciso respeitar a liberdade do seu filho, que está se tornando adulto, e
deixá-lo construir a sua história e conhecer os seus limites até que se
arrependa. Por isso, cheios de confiança em Deus, entreguemos o controle da
situação a Ele e não tentemos impedir seus caminhos e suas dores, mas nos
esforcemos para continuar amando nosso filho neste tempo difícil.
Seu filho está
passando por uma fase de fragilidade e precisa da sua paciência e misericórdia.
Seja mais tolerante quando ele se atrasar para as refeições, quando falhar em
algo que vocês combinaram, quando ele for grosseiro com você em um momento de stress.
Nos enganamos quando achamos que vamos mudar nosso filho com cobranças,
exigências e intolerância. Ao sentir o seu amor, o seu cuidado e a sua misericórdia,
ele encontrará forças para mudar. É assim que Deus faz conosco: a nossa
conversão acontece quando sentimos o amor louco de Deus por nós, que permaneceu
ao nosso lado nos amando e cuidando de nós apesar da nossa infidelidade; quando
lembramos do sofrimento que causamos a Deus e aos irmãos e, mesmo assim, o
Senhor não desistiu de nós e, com paciência, esperou o nosso tempo. Não há quem
resista a esse amor louco de Deus! E você é chamado a amar o seu filho apesar
do sofrimento que ele tem lhe causado com um amor que não desiste, mesmo quando
tudo indica que não tem mais jeito. Um amor que acredita que seu filho vai sair
dessa e as coisas vão melhorar. Um amor cheio de esperança no nosso Deus
Poderoso, que tudo pode, tudo vê e sofre junto conosco.
Permaneçamos
ao lado do nosso filho no tempo da tribulação. Procuremos estar mais perto dele
para amar, escutar, consolar e encorajar. Seu filho precisa sentir que você
está do seu lado, querendo o seu melhor e a sua vitória, para que ele tenha a
coragem de pedir socorro quando as coisas derem errado. É para você que ele
deve voltar quando estiver na penúria e arrependido. E, quando ele se
arrepender e estiver disposto a mudar, é a hora da festa! Basta de humilhações,
seu filho já sofreu bastante! Então, faça como o pai que, movido de compaixão,
não esperou que seu filho continuasse a se desculpar e se humilhar, mas, ao
contrário, deu-lhe vestes novas, anel, calçado nos pés e providenciou
imediatamente a festa, sem medo do que viria pela frente, sem medo de se decepcionar,
sem medo de amar!
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