Estava na sinagoga um homem
que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: Deixa-nos! Que temos nós
contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de
Deus!”. Mas Jesus replicou severamente: “Cala-te e sai deste homem”. O
demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal
algum. Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: “Que
significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles
saem?”. E corria a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança. (Mt
4, 31-37)
Eu
pensava que era preciso deixar as crianças com medo para impor respeito, mas
logo que minha filha nasceu, comecei a ver os frutos do medo e vi que não era
esse o caminho que eu queria. Seu olhar de medo me assustava bastante.
Então, passei a refletir muito sobre isso. Como impor respeito ou, em outras
palavras, como exercer a autoridade de mãe? Sempre me chamou a atenção a
abertura que os apóstolos tinham com Jesus. Eles não se intimidavam para fazer
perguntas tolas ou tentar responder questões tão elevadas. Eram atrevidos! E
essa abertura certamente não se dá em um ambiente de medo. Cristo, que é o
Caminho, me mostrou o caminho.
A
Palavra
Cristo é o Verbo Encarnado, ou seja, a Sua Palavra
é a própria Verdade. Tudo o que Ele dizia acontecia, tudo o que Ele ordenava se
cumpria: “Cala-te e sai deste homem”. Isso fez com que seus discípulos
tivessem interesse em ouvi-lo. Multidões O procuravam para escutá-Lo. A
coerência de Sua Palavra também assustava porque os que O ouviam, sabiam que aquilo
se realizaria.
Esse
é o primeiro ponto: a nossa palavra. Se queremos que nossos filhos nos respeitem, temos que falar sempre a verdade; a mentira deve ser radicalmente banida de nossa boca. Quando se cumpre aquilo que falamos, estabelecemos uma relação
de confiança. Por
exemplo: Chega sábado à noite, dia de pizza, mas vocês não querem que as
crianças comam pizza naquela noite. Então seu filho pergunta: “Mamãe, hoje vai
ter pizza?”. Somos tentados a responder que não, esperar as crianças dormirem
e, então, pedir a pizza escondido do filho. Mas, comprometidos com a nossa
palavra, devemos responder: “Sim, filho. Hoje a mamãe e o papai vão comer
pizza, mas você não poderá comer porque é bom evitar na sua idade. Mas nós
deixaremos um pedacinho para você comer amanhã.”
Outra
tentação que temos é a de assustar as crianças contando uma mentira para evitar
que façam alguma coisa. Por exemplo: Você não quer que seu filho vá para a rua
por causa do vento e inventa que tem um bicho lá fora. Cuidado também com as
ameaças e as promessas! Pensemos bem se iremos cumprir antes de pronunciá-las.
O
Poder
Jesus
era Deus e, por isso, onipotente: Ele podia fazer acontecer o que quisesse. E
isso assustava porque se mostrava poderoso em seus milagres. Quando expulsou o
demônio, “todos ficaram cheio de pavor e falavam uns com os outros: “Que
significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles
saem?”. Ao ver os milagres, eles reconheciam a superioridade de Jesus. Viam
que apesar da sua forma humana, não era igual a eles.
Os
pais também tem poder sobre os filhos, pois são mais fortes e podem obrigar
seus filhos a fazerem algo através da força física.
Mas
falar em poder nos assusta porque relacionamos com opressão, já que os
poderosos costumam oprimir os fracos. Mas o nosso Deus é Todo-Poderoso e não
nos oprime. Muito pelo contrário, usa o Seu poder em nosso favor para realizar
curas, expulsar os demônios e nos ajudar. Ele nos mostra o Seu poder e nos diz:
“Venham comigo e Eu lutarei por vocês e os defenderei. Vejam como Sou poderoso!
Deixem-me cuidar de vocês!”. Da
mesma forma, podemos usar o nosso poder não para oprimir,
mas para defender e proteger nossos filhos.
É
através do poder que a palavra se cumpre! Quando dizemos para nossos
filhos: “Não pode!”, isso implica em impedir a criança de executar tal ação.
Por isso devemos cuidar com as proibições. O que realmente não pode? Não pode
bater? Não pode mexer em faca? Não pode subir na mesa? Antes de falar “não”
precisamos avaliar se estamos dispostos a impedir a ação através da nossa força
física. Em outras palavras, antes de dizer para o seu filho que ele não pode mexer no armário, pense se você está disposto a levantar do sofá para tirá-lo de lá se ele não obedecer. Se você não fizer isso e fingir que não está vendo, ele não levará a sério o que você diz.
À
medida que a criança vai crescendo e aumentando sua força física, seu intelecto
também se desenvolve e ela vai compreendendo o que seus pais fizeram na
infância. Eles se tornam gratos porque as correções os fizeram pessoas melhores.
Nessa relação o amor e o respeito só aumentam.
Autoridade
x Autoritarismo
Então,
é bom que as crianças tenham medo de seus pais? Eu não chamaria de medo, mas de
temor. O temor é uma reação de espanto e respeito por observar o poder e a
grandeza do outro. É também um sinal de humildade pois se percebe que é menor
ou inferior. Diferentemente de Deus, não temos maior dignidade que nossos
filhos, mas Deus nos deu autoridade sobre eles para que os corrigíssemos na
caridade.
O
autoritarismo é o uso do poder para benefício próprio. Nos tornamos
autoritários quando exigimos que nossos filhos sejam do jeito que queremos para
mostrar aos outros que somos bons e que mandamos nos nossos filhos. Em uma
relação autoritária não há amor, mas egoísmo.
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