Hoje quero trazer palavras do santo Padre, o Papa
Francisco, sobre este caminho para o matrimônio que passa pelo namoro e pelo
noivado. São trechos da Exortação Apostólica Amoris Laetitia em que o
Papa dá orientações para padres, pastorais e para toda a Igreja que se dedica a
orientar e ajudar os noivos nesta preparação. Com o intuito de deixar o texto
dirigido diretamente aos noivos e namorados, fiz algumas poucas alterações, mas
deixo aqui o link para o texto original da Exortação e recomendo a leitura!
Apesar das
alterações, decidi manter a numeração dos parágrafos do documento original para
que o leitor posso encontrar rapidamente de onde foi extraído o texto aqui
publicado.
Guiar os noivos no caminho de preparação para o matrimônio
208. Aprender a amar alguém não é algo que se improvisa, nem pode ser o
objetivo dum breve curso antes da celebração do matrimônio. Na realidade, cada
pessoa prepara-se para o matrimônio, desde o seu nascimento. Tudo o que a
família lhe deu, deveria permitir-lhe aprender da própria história e torná-la
capaz dum compromisso pleno e definitivo. Provavelmente os que chegam melhor
preparados ao casamento são aqueles que aprenderam dos seus próprios pais o que
é um matrimônio cristão, onde se escolheram um ao outro sem condições e
continuam a renovar esta decisão.
209. É importante particularizar incompatibilidades e riscos.
Assim é possível chegarem a dar-se conta de que não é razoável apostar naquela
relação, para não se expor a um previsível fracasso que terá consequências
muito dolorosas. O problema é que o deslumbramento inicial leva a procurar esconder
ou relativizar muitas coisas, evitam-se as divergências, limitando-se assim a
adiar as dificuldades para depois. Os noivos deveriam ser incentivados e
ajudados a poderem expressar o que cada um espera dum eventual matrimónio, a
sua maneira de entender o que é o amor e o compromisso, aquilo que se deseja do
outro, o tipo de vida em comum que se quer projetar. Estes diálogos podem
ajudar a ver que, na realidade, os pontos de contato são escassos e que a mera
atração mútua não será suficiente para sustentar a união. Não há nada de mais
volúvel, precário e imprevisível que o desejo, e nunca se deve encorajar uma
decisão de contrair matrimónio se não se aprofundaram outras motivações que
confiram a este pacto reais possibilidades de estabilidade.
210. No caso de se reconhecer com clareza os pontos fracos do
outro, é preciso que exista uma efetiva confiança na possibilidade de ajudá-lo
a desenvolver o melhor da sua personalidade para contrabalançar o peso das suas
fragilidades, com um decidido interesse em promovê-lo como ser humano. Isto
implica aceitar com vontade firme a possibilidade de enfrentar algumas
renúncias, momentos difíceis e situações de conflito, e a sólida decisão de
preparar-se para isso. Deve ser possível detectar os sinais de perigo que
poderá apresentar a relação, para se encontrar, antes do matrimónio, os meios
que permitam enfrentá-los com bom êxito. Infelizmente, muitos chegam às núpcias
sem se conhecer. Limitaram-se a divertir-se juntos, a fazer experiências
juntos, mas não enfrentaram o desafio de se manifestar a si mesmos e aprender
quem é realmente o outro.
211. O matrimônio não é o fim do caminho, mas deve ser assumido
como uma vocação que os lança para diante, com a decisão firme e realista de
atravessarem juntos todas as provações e momentos difíceis. Os noivos também não
devem esquecer que podem recorrer a Reconciliação sacramental, que permite
colocar os pecados e os erros da vida passada e da própria relação sob o
influxo do perdão misericordioso de Deus e da sua força sanadora.
A preparação da celebração
212. A preparação próxima do matrimónio tende a concentrar-se nos
convites, na roupa, na festa com os seus inumeráveis detalhes que consomem
tanto os recursos econômicos como as energias e a alegria. Os noivos chegam
desfalecidos e exaustos ao casamento, em vez de dedicarem o melhor das suas
forças a preparar-se como casal para o grande passo que, juntos, vão dar. Esta
mesma mentalidade subjaz também à decisão dalgumas uniões de fato que nunca
mais chegam ao matrimónio, porque pensam nas elevadas despesas da festa, em vez
de darem prioridade ao amor mútuo e à sua formalização diante dos outros.
Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar
pela sociedade do consumo e da aparência. O que importa é o amor que vos une,
fortalecido e santificado pela graça. Vós sois capazes de optar por uma festa
austera e simples, para colocar o amor acima de tudo.
213. Na preparação mais imediata, é importante esclarecer os
noivos para viverem com grande profundidade a celebração litúrgica, ajudando-os
a compreender e viver o significado de cada gesto. Lembremo-nos de que um
compromisso tão grande como este expresso no consentimento matrimonial e a
união dos corpos que consuma o matrimónio, quando se trata de dois batizados,
só podem ser interpretados como sinais do amor do Filho de Deus feito carne e
unido com a sua Igreja em aliança de amor. Nos batizados, as palavras e os
gestos transformam-se numa linguagem que manifesta a fé. O corpo, com os
significados que Deus lhe quis infundir ao criá-lo, transforma-se na linguagem
dos ministros do sacramento, conscientes de que, no pacto conjugal, se
manifesta e realiza o mistério.
214. Às vezes, os noivos não percebem o peso teológico e
espiritual do consentimento, que ilumina o significado de todos os gestos
sucessivos. É necessário salientar que aquelas palavras não podem ser reduzidas
ao presente; implicam uma totalidade que inclui o futuro: «até que a morte vos
separe». O sentido do consentimento mostra que liberdade e fidelidade não se
opõem uma à outra, aliás apoiam-se reciprocamente quer nas relações
interpessoais quer nas sociais. De facto, pensemos nos danos que produzem, na
civilização da comunicação global, o aumento de promessas não mantidas (...). A
honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se podem comprar nem vender.
Não podem ser impostas com a força, nem guardadas sem sacrifício.
215. O sacramento não é apenas um momento que depois passa a fazer
parte do passado e das recordações, mas exerce a sua influência sobre toda a
vida matrimonial, de maneira permanente. O significado procriador da
sexualidade, a linguagem do corpo e os gestos de amor vividos na história dum
casal de esposos transformam-se numa continuidade ininterrupta da linguagem
litúrgica e a vida conjugal torna-se de algum modo liturgia.
216. Também se pode meditar com as leituras bíblicas e enriquecer
a compreensão do significado das alianças que trocam entre si, ou doutros sinais
que fazem parte do rito. Mas não seria bom chegarem ao matrimónio sem ter
rezado juntos, um pelo outro, pedindo ajuda a Deus para serem fiéis e
generosos, perguntando juntos a Deus que espera deles, e inclusive consagrando
o seu amor diante duma imagem de Maria. A liturgia nupcial é um evento único,
que se vive no contexto familiar e social duma festa. Jesus começou os seus
milagres no banquete das bodas de Caná: o vinho bom do milagre do Senhor, que
alegra o nascimento duma nova família, é o vinho novo da Aliança de Cristo com
os homens e mulheres de cada tempo.
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