Hoje
gostaria de compartilhar com vocês um trecho do Livro da Vida, da Santa Teresa
de Jesus. Ela fala do tormento causado pela culpa, que nos deixa paralisados no
erro, nos angustia e nos desespera, e diz ser isso uma falsa humildade, vinda
do demônio. A verdadeira contrição não nos entristece, porque podemos sempre
olhar para a cruz e ver que Cristo morreu por nós, do jeito que somos, com
todos os nossos pecados. E esse louco amor de Deus por nós nos reanima e
encoraja para seguirmos em frente e renova em nós o forte desejo de renunciar
ao pecado!
“(...) Eu
pensava: não era suficiente que eu estivesse enganada, sem enganar os bons?
Via-me tão ruim que julgava que todos os males e heresias surgidos eram
causados pelos meus pecados.
Tratava-se de
uma falsa humildade que o demônio inventava para me tirar a paz,
tentando levar a alma ao desespero. Agora, já tenho tanta experiência
com as coisas do demônio que ele, percebendo que o entendo, já não costuma me
atormentar tantas vezes. Quando o demônio age, percebemo-lo com clareza na inquietação
e no desassossego com que ele começa, na agitação que traz à alma
enquanto dura a sua ação, e na obscuridade e na aflição que ele
deixa, ao lado da aridez e da pouca disposição para a oração e para fazer algum
bem. Ao que parece, ele afoga a alma e amarra o corpo para que nada aproveite.
Porque a
verdadeira humildade, mesmo que nos faça ver que a nossa alma é ruim e nos leve
a sofrer ao ver o que somos, fazendo-nos lamentar com sinceridade a nossa
maldade, gerando sofrimentos grandes como os de que já falei, e que são
sentidos de verdade, não vem com alvoroço nem desassossega a alma, não a
obscurece nem lhe traz secura. Em vez disso, a verdadeira humildade traz
graças à alma, e tudo ocorre ao contrário da falsa: com quietude, com suavidade,
com luz.
A alma, embora
sofra, se conforta ao ver o grande favor que Deus lhe faz ao dar-lhe essa dor e
o bom emprego desta. Ela fica condoída por ter ofendido a Deus, mas ao mesmo
tempo se alegra com o pensamento de Sua misericórdia. Ela tem luz para
confundir a si mesma e louva Sua Majestade por tê-la suportado tanto.
Na humildade
vinda do demônio, não há luz para nenhum bem, parecendo que Deus leva tudo a
ferro e fogo, considerando somente Sua justiça. A alma, embora acredite que há
misericórdia, porque o demônio não há de ter tanta força a ponto de fazê-la se
perder, não fica consolada; pelo contrário, quando vê tanta misericórdia, ela
tem aumentado o seu padecimento, pois vê que está obrigada a maior gratidão.”1
A experiência
dos santos nos ajuda a entender o demônio e reconhecer seus ataques na nossa
vida. Isso é muito importante para podermos renunciar a tudo que vem dele,
especialmente nos seus ataques para gerar discórdia dentro das nossas famílias.
É preciso entender, reconhecer e renunciar ao demônio diariamente!
_______________
- Jesus, Santa Teresa de (1995). Livro da Vida. Edições Loyola Jesuítas, Cap. 30.
Comentários
Postar um comentário